Diabetes: Minha vida!: Minha querida Miyoko!!!

Uma das pessoas que eu tenho o maior carinho, o maior amor do mundo, é minha avó, não sei se são coisas do destino, não sei se foram somente coisas da vida, mas eu cuidei durante 2 anos (2006-2007) da minha vida, da vida da Dona Miyoko, e o cuidar que digo é pelo fato de ela estar em uma cadeira de rodas, com dificuldades para andar e com mal de alzheimer, ela começou a perder a memória mais recente e lembra de acontecimentos de anos atrás, ela vai perdendo a capacidade de aprender, de ter atenção, a compreensão, vivendo em um mundo singular. Dona Miyoko acabou virando um bebê grande, dependente da ajuda dos outros, no caso, minha ajuda, confesso que no começo foi bem difícil, eu nunca havia cuidado literalmente de outra pessoa como cuidava dela e quase pensei em desistir. Mas o tempo foi amigo para mim e para Dona Miyoko e eu consegui cuidar dela, depois de 6 meses já era expert nos cuidados com ela, dava o banho, a comida, os remédios, lavava as roupas, trocava a fralda, sim ela usava fralda geriátrica, levava para dar uma leve caminhada, na medida do possível e quando sobrava um dinheirinho comprava umas revistas que ela nem lia, mas adorava olhar as fotos de tanta gente bonita, para minha avó todo mundo é bonito, e ela tem razão, adorava contar algum "causo" da vida dela da forma mais singela do mundo, enfim foi um aprendizado e confesso que foi muito bom conviver o dia a dia com minha avó, mesmo sendo sua cuidadora, pois percebi que a conhecia superficialmente mesmo sendo neta dela. Passei a senti-la mais como minha avó a partir do momento que passei a cuidar dela e descobri o quanto temos em comum, as unhas do pé, nascemos no mesmo mês ( setembro), somos canhotas e sonhamos acordadas!!! Hoje ela não fala, não anda, vive mais dependente do que antes, é como uma plantinha que alguém precisa regar todos os dias, ela está viva em um mundo só dela. Eu estou a muitos anos no Japão e não tive a oportunidade de vê-la novamente, ela está tão diferente de como a deixei que o medo é de ver como ela está hoje! É ruim ver as mudanças que o tempo faz com as pessoas que tanto amamos, chega a um ponto de ser realmente cruel, é doloroso ver como o tempo nos castiga e do quanto podemos sofrer. Gostaria muito que meu filho pudesse conhecer, ouvir a voz, a risada, as histórias, minha avó tinha muitas histórias de antigamente, os olhos melancólicos de quem tem uma grande doçura no coração, e ela com certeza é daquelas poucas pessoas que existem no mundo, que só sabem fazer o bem e não sabem o que quer dizer a palavra mal. Saudades minha querida Miyoko!!!